sexta-feira, 1 de abril de 2011

A TRADIÇÃO DO CAFÉ FILOSÓFICO

         Doutor em Filosofia, o francês Marc Sauted , autor da obra Um Café para Sócrates,  fundou o primeiro consultório de filosofia em 1992, com o objetivo de ajudar as pessoas angustiadas, com problemas existenciais. Paralelamente, Sauted  teve idéia de levar a Filosofia ao grande público,  quando um grupo de amigos se encontrava aos domingos, para tomar o café-da-manhã na Praça da Bastilha, de Paris; mais precisamente no Café de Phares.

           O objetivo era colocar a Filosofia para o grande público, na rua, em que todos interessados pudessem participar. A Filosofia parecia destinada aos limites da pesquisa acadêmica, mas Sautet  resgatou-a da origem grega, trazendo-a ao debate aberto ao público, ao ar livre, como na ágora socrática.   “Voltar ao passado é  tentar dominar o presente e enxergar o futuro”.
            Nas primeiras reuniões do grupo, um dos participantes propôs que as conversas fossem sobre temas determinados, e o hábito se transformou em uma civilizada discussão. Desses encontros, nasceu o importante movimento  da Filosofia,  denominado Café Filosófico.
            No início dos encontros compareciam entre 10 a 15  participantes, e chegou, com o passar do tempo, a 150 pessoas, de todas as idades e profissões diversas,  que foram despertadas pela curiosidade.  O café filosófico foi ganhando espaço  e o compromisso é filosofar, buscar a verdade que está por detrás de um assunto e trabalhar um tema específico.
            A expansão se deu ao redor das Universidades de Filosofia de Paris,  onde os professores criavam grupos para conversar. Esta é a tradição do Café Filosófico. Mais tarde o movimento foi crescendo para outros centros e outros países. O café filosófico chegou ao Brasil em meados de 1997.
            Há filósofos que consideram que os cafés não se popularizam, porque ainda é apenas a elite intelectual que se interessa e tem tempo disponível  para a leitura referente aos temas abordados nos encontros.
            Na Grécia antiga estão as raízes do diálogo que imperava nos encontros da praça de Ágora.. A filosofia era exercida em público, coletivamente, e filosofar é debate entre idéias e percepções. Não havia escolas nem  faculdades;  os espaços eram comuns a todos. Os gregos tinham interesse em dominar o pensamento, a retórica, desenvolver temas, conhecer mais profundamente os assuntos humanos e existenciais.
          Voltando aos tempos modernos, constatamos que as novas implantações dos cafés  foram sofrendo mudanças. Cada passagem de um movimento cultural para outra região, sofre  modificações.  No Brasil os cafés  têm espaço também para música, poesia, literatura, tornando quase um espetáculo. É a mania do brasileiro de recriar tudo. E nesse formato perde-se tempo e debate com entretenimento, diz a filósofa Mônica Sdow Hummel.
             Há cerca de 230 cafés filosóficos  pelo mundo, sendo mais da metade na França que é o berço do movimento. Os encontros no Brasil estão crescendo, sem necessariamente seguir o formato original, não deixando, portanto, de ser úteis e com discussão de temas com seriedade. São movimentos que atraem a atenção de um público que antes não prestigiava a Filosofia, e atualmente,  ou por interesse  ou  pelo entretenimento, há procura pelos cafés,  por se tratar de algo novo e saudável.
           O filosofar pode não ter uma utilidade imediata, mas ajuda a compreender e aprofundar os mais variados assuntos, como também  na maturidade do individuo. 
            Para desenvolver o conhecimento,  passamos pela dúvida – onde só há certeza, não há erro, nem debate, nem pergunta.  Os Cafés Filosóficos  (originais)  promovem o debate de idéias entre pessoas de diferentes classes,  idades e profissões.
         Perguntar não é fácil, é ter a humildade de se expor, e muitas pessoas têm medo de expor  seus pensamentos. É  no debate de idéias em grupos  que as pessoas alcançam melhor conhecimento. Em todas as civilizações, a Filosofia foi de grande importância para o aprofundamento dos problemas sociais, da política e da economia. É por meio do pensar  com debate rigoroso, que a Filosofia contribui muito com o crescimento intelectual do ser humano.
         Ao reiniciar as aulas do Pensamento Filosófico, voltaremos a reapresentar os vídeos  sobre os Cafés Filosóficos  gravados por respeitáveis filósofos que estão em evidência no momento. Parece que a Filosofia entrou na moda. Há uma efervescência de palestras, debates, publicações, encontros e Cafés Filosóficos  em várias cidades.
             A revista Ciência&Vida–FILOSOFIA, número 06, apresenta várias sugestões de livros que nos levam a Ler e Pensar.       
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