sábado, 2 de abril de 2011

FILOSOFANDO NA PRAÇA - IV

FILOSOFANDO NA PRAÇA – IV

 

       Com o dia nublado naquele domingo, nem todos os amigos voltaram à praça. Mas, de passagem, um escultor que trabalhava ao lado, isto é, exibia as suas obras de barro espalhadas no chão, participou com entusiasmo da nossa conversa.

     Ele não era um escultor qualquer. Trazia nas veias a paixão pelo trabalho artístico que com certeza, era herança genética de seu avô, um italiano, escultor de grande talento que deixou a sua marca nas obras por onde passava. O novo componente do grupo, era também psicoterapeuta, administrador de empresas, com grande bagagem profissional, que ao aposentar-se, abraçou  o trabalho artesanal de esculturas, manipulando o barro e criando peças estéticas específicas de jardins, como mais uma de suas realizações no caminho já bastante diversificado.

       O professor de Filosofia estava ansioso para continuar o tema sobre a Ordem dos Cavaleiros Templários, desenvolvido na Idade Média.

       Empolgado, começou a discorrer sobre o tema: “Em 1306, Jacques de Molay, Grande Mestre dos Templários, formou um nova Cruzada que resultou no seu fim e de seus companheiros. Foram acusados e levados a um cadafalso, entre a multidão, em Paris, onde deveriam confessar as suas culpas de heresia (palavra que em grego significa “escolha”, ante os legados papais e o povo. Mas, retrataram-se de suas confissões e defenderam os Templários diante da multidão que assistia ao processo de julgamento. Para decepção dos acusadores, Jacques de Molay e seus companheiros proclamaram inocência dos Cavaleiros da Ordem dos Templários.

       O escultor completou: “Diz a história, que talvez, a maior realização dos Templários tenha sido o estímulo à virtude entre bravos e fortes.  Muitos Cavaleiros haviam adquirido rico conhecimento nos países  orientais durante as Cruzadas. Eles descobriram que havia no Oriente uma civilização superior à que existia na sociedade do Ocidente cristão”.

    O escritor interferiu dizendo: “Muitos Templários foram secretamente iniciados nas escolas de mistérios do Oriente, onde foi revelada a sabedoria do passado”.

      Entrou na conversa uma jovem responsável pela banca de jornais que fica ao lado do grupo, sempre atenta aos debates e perguntou: “Pelo que estou entendendo, os Templários eram cristãos. Mesmo assim, foram repudiados pela Igreja Romana?”  O professor de Filosofia satisfeito com a interferência, argumentou que: “Embora constituísse uma Ordem cristã, os Templários eram independentes da Igreja. Eles podiam estudar e desenvolver um conhecimento amplo e com isso, ganharam mentalidade liberal. Eram adeptos da Ordem dos Cavaleiros dos Templários aqueles que procuraram uma espécie de refúgio através dos estudos, investigação intelectual e rituais místicos fora da Igreja Romana. Por isso a Igreja deu crédito ao boato de que os Templários eram hereges”. O escultor sorrindo: “...eles ultrapassaram os limites das fronteiras de investigação da Igreja”.

     A jovem da banca de jornais trouxe a revisa Época, de 21/06/04, aberta na pagina 98, com o título: “Mea mínima culpa” – A informação é de que  o Vaticano divulgou relatório no qual tenta provar que a Inquisição matou menos do que se acredita – e em voz alta leu para o grupo a reportagem. O escritor lembrou que a humanidade, desde os primórdios da existência nunca deixou de praticar atrocidades. Citou as grandes crises de guerras  no passado, bem como as torturas tão dentro de nossos dias. Guerras e mais guerras em nome do “bom governo” que mata, mutila, para livrar do ‘mau governo’, e assim ‘caminhada humanidade’ até a um futuro desconhecido.

     Ainda dentro de nossa geração, pudemos acompanhar as torturas sofridas pelos chamados ‘subversivos’ nas celas dos horrores, nos presídios do Brasil.

        O céu escureceu e a chuva prometia cair sobre a praça. O grupo  se despediu e prometeu voltar e trazer os outros ausentes: o político, o prof. de Educação Física, a arquiteta e a menina da Efoati. Afinal, o político deve estar muito ocupado com a sua nova candidatura. O professor de educação Física aproveitou as férias para correr na praia de Copacabana. A arquiteta foi para Curitiba estagiar com o seu colega de profissão, o Sr. Jaime Lener e trazer idéias para embelezar e elevar o nível da nossa cidade, e a menina da Efoati está participando de um Encontro da Feliz Idade.

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