domingo, 10 de abril de 2011

CARTA SEM ENDEREÇO

CARTA  SEM  ENDEREÇO

Ilma MansoVieira

 

      Sábado de Aleluia. A lua cheia brilha  no céu límpido, anunciando a beleza do universo.  E cá embaixo,  da terra dos homens, parte  para a Luz Maior uma estrela, que do infinito manda o seu doce sorriso aos amigos órfãos, com a mensagem: “...eu continuo entre vocês zelando e amando os irmãos que ficaram sem a minha presença”.

           Prof. Edson Velano, a minha mensagem está sendo encaminhada para você sem endereço, ou  melhor, endereçada ao infinito, onde com certeza, a Mão de Deus lhe acaricia   e mostra o deslumbramento do Mundo sem matéria, do mundo que transcende a nossa limitada inteligência, que será a sua residência eterna.  E aí você  nos espera.

       Agora, é tarde para que você ouça tanta coisa que  nestes oito anos do meu retorno à Alfenas, me perdia nas vagações dos meus pensamentos e lhe dizia: que sorte  tê-lo tido como amigo. Você realizou muitas das  minhas alegrias. Quero primeiro lembrar o patrocínio do meu pequeno livro “Filosofia para Crianças” que foram doados às escolas, quando a Profa. Maria da Conceição Barbosa, Secretária Municipal da Educação, que com muita competência promoveu um evento para o lançamento e entrega dos livros às respectivas representantes das escolas. Assim você começou a mostrar que eu existia. Com o maior carinho, a meu pedido, cedeu o Clube XV para o lançamento do livro “Lampejo” de minha irmã Ida. Você lá presente nos prestigiando. Quanto ao livro Mandassaia (Furnas), do meu irmão Ildeu, que estava engavetado havia  vinte anos, foi você que atendeu o meu pedido, e ainda agradeceu pela oportunidade. Prefaciou o livro, patrocinou a tiragem e ofereceu um lançamento de tal grandeza que  não há palavras para agradecer.  Suas palavras solenes durante o belíssimo evento fizeram  correr lágrimas pelas nossas faces, e as palavras de encantamento que saiam de sua inspiração iluminada abalaram as emoções. Quero repetir as suas palavras no momento em que a chuva forte caia sobre o telhado do Hangar, e estrondos dos trovões ensurdeciam o ambiente, você com a voz ainda mais potente, bradou: “... nem a chuva que cai não impedirá que minhas palavras sejam ouvidas  quando falo do Ildeu, que já partiu para o outro lado...” Hoje, Ildeu  deve estar abraçando e agradecendo você,  envolto no véu da Luz do infinito. No seu livro “Sombras da Vila Formosa”  você nos homenageou, eu e meus irmãos. Como nos sentimos honrados.  Ainda falta falar  sobre a minha participação no DVD em homenagem ao querido Waldir de Luna Carneiro. Foi um gesto de carinho muito especial, e lhe perguntei: por que eu?  E as festas!  Indescritíveis, oferecidas às pessoas que o amam. Compartilhar das suas alegrias com os amigos fazia parte do seu talento. E sempre com a bela família ao seu lado.  

                      O nosso agradecimento. Assim vou dedilhando um rosário interminável de alegrias.    

        Somos um grãozinho de areia acolhidos no universo de sua alma.

   Recebi “pérolas e transformei-as em gratidão, amizade, respeito” e carinho.   Palavras suas.

       Os anjos tocam cornetas nos céus para recebê-lo, e nós, choramos a sua partida.  Até um dia, amigo.

        Estamos de luto.  Luto é a tristeza, a falta, a saudade. É sentir a ausência  da pessoa querida, sem volta, que nos envolve momentos de profunda saudade,  que dói. É a saudade sem esperança, que se funda à vontade de compartilhar, de acariciar, de falar sobre os nossos sentimentos e ouvir o que o outro tem a nos dizer. É o grito silencioso que sai da alma, o olhar vai para o alto à procura de um eco que nada mais é senão a volta da própria saudade. Você foi,  mas se eterniza em nossos corações.

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