sexta-feira, 1 de abril de 2011

ESCUTATÓRIA OU SABER OUVIR

 

   Segundo o escritor Rubem Alves, os cursos de oratória são muito procurados, tanto pelos profissionais de várias áreas, que necessita desta técnica como advogados, professores, vendedores, atores; quanto por demais profissionais que se preocupam em falar bem. E por que não criar curso para aprender a escutar – a escutatória? É uma falsa impressão a desnecessidade deste curso em razão de que ouvir o que outros dizem é um ato mecânico de captar o som e articulação das palavras, bastando para acreditar que estamos escutando quando nossos ouvidos estão sadios. Saber escutar vai muito além disto. Não se ouve somente com a audição, é preciso que haja um processamento do cérebro para saber e compreender o que estamos ouvindo.

    Para ouvir o outro, é preciso que haja silêncio dentro da alma, o que não é fácil, pois geralmente estamos entulhados de idéias, de questões existenciais e com a preocupação de entender o que se ouve. E de um modo geral, quando estamos ouvindo, intrometemos a nossa fala  alterando e atropelando o raciocínio do interlocutor, como se o nosso palpite fosse o melhor. Isto acontece pela manifestação da nossa vaidade. E quando tentamos interromper, as falas se misturam e a comunicação acaba ficando confusa. É comum acontecer que o (suposto) ouvinte corte o pensamento do outro e o complete de forma equivocada.

   Alberto Caeiro comenta que há tribos indígenas que quando se reúnem ninguém fala, há um longo vazio de silêncio. É o momento e que as idéias são expulsas dos seus pensamentos, é a preparação para ‘escutar’ o pensamento essencial de quem toma a palavra, motivo da reunião. Alguém fala e todos ouvem no silêncio absoluto. Se um outro falar em seguida, é provável que não tenha escutado devidamente quem estava com a palavra,

Porque  enquanto o outro fala, o ouvinte pensava no que iria falar em seguida. Não ouviu devidamente como deveria.  Para saber ouvir não basta somente o silêncio de fora. É preciso o silencio dentro. Na ausência de pensamento começamos a ouvir coisas que não ouvíamos.

       Os pianistas, por exemplo, antes de começar um concerto ficam silenciosos para abrir o ‘espaço vazio de silêncio. A platéia emudece. E a música enche o vazio que foi preparado. Ouvimos a melodia que não ouvíamos  e que, de tão linda, enche o nosso silêncio e por vezes nos faz chorar. E para o escritor Rubem Alves,  “Deus é a beleza que se vê no silêncio”.

     José Pacheco, Mestre em Ciência da Educação pela Universidade do Porto, escreve: “Redescubramos a importância do silêncio. Dentro dele estão contidas as respostas para as perguntas essenciais. Por vezes, nos lugares onde o diálogo acontece, o não-verbal pode falar mais alto do que o verbal...” e... ”Há um tempo para cada coisa, até para reter a oratória. Têm sido tantos os dispares ministeriais, tantos motivos de indignação, que decidi calar-me. Remeti-me ao silêncio e, se retorno à palavra, não será no comentar dos descalabros, mas num reverente silêncio. Por vezes são tão densas as palavras escutadas, que se aproximam da leveza dos silêncios... 

    “... Silêkncio, mais uma vez...O silêncioé da mesma naureza do sonho. E, se Victor Hugodisse que se deverá julgar um homempor aquilo que ele sonha maisdo que por aquilo que ele pensa, mais valerá considerá-lo  por aquilo que cala doque por aquilo que diz.”

    Ouvir é diferene doescutar. “Ouvir é o que é dito no campo dosignificado”. Escutar  está no campo do inconsciente”. Saber escutar é privilégio de poucas pessoas, e os fatores que enfraquece esta capacidade são vários: hábits, ambiente físico, competição, prepotência etc. Interessante é a velocidade de assimilação. Uma pessoa normapronuncia entre 100 a 150 palavras por minuto, enquanto outra também noraml consegue assimilar entre 250 a 500 palavras por minuto. Assim é fácil esta segunda pessoa se distair e preencher os espaços deixados e sua mente pela primeira kpessoas.

    O exercício de escutar e do sil~encio são tão importantes quantoa prática da palavras.Portanto, a esutatória sria uma ótima opçãopara aqueles que gotariam de aprimorar a ate de ouvir, pois nesta sociedadepró-moderna emépoca de cmunicação, o bem falar tem o contrapontto deo ‘bem ouvir”, que harmoônicos produzirãoa excelência da comunicação.

                                                                                        X

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