A BELEZA DAS ABRICÓS
Ilma Manso Vieira
As abricos-de-macaco (*) renasceram das cinzas, como a Fênix.
Ao amanhecer o dia primeiro de maio, acordei com o piar dos pardais que rondam à minha janela, pedindo alpiste, e dos barulhentos periquitos que se aninham no beiral do telhado. A manhã ainda fria e sem compromisso algum, parti para uma caminhada, observar o silêncio da cidade que ainda dormia – era feriado.
Percorri algumas ruas mais centrais e como de costume, fui andar pelas praças, sentir a natureza e o perfume da manhã. O sol subia pelo azul do infinito, e a brisa tocava à minha pele. Poucas pessoas passavam por mim, talvez, como eu, apenas caminhavam com os seus pensamentos.
Lembrei-me das ‘abricós-de-macaco’, aquelas majestosas e raras árvores que encantam a praça Dr.Emilio da Silveira. O fantasma rondou a minha imaginação – com a lembrança das abricós quando os seus frutos foram decepados. Veio a pergunta: Será que as árvores estão floridas, ou novamente foram mutiladas, como no passado? Fui conferir; o coração acelerado pelo medo. Chamei a coragem e o equilíbrio, e segui rumo à praça. Crianças chegavam para brincar. O centro da praça, que chamamos de Praça de Ágora, dava inicio às atividades em comemoração ao Dia do Trabalho. Meu coração gelou pelo medo do que poderia ter acontecido com os frutos. Fui me aproximando e percebendo que elas estavam belas, fortes, carregadas de flores e os seus enormes frutos encantando a natureza e os nossos olhos. Exclamei: “Graças a Deus, a beleza da natureza está sendo protegida”. Somente uma entre as seis árvores, só agora, depois de três anos da agressão, começa timidamente a florescer.
Estive passeando na cidade de Piracicaba-SP, e caminhando no Parque da Universidade de Agronomia. Um bosque encantador, bem caracterizado pelo respeito à natureza. Qual foi a minha alegria ao encontrar, entre imensas e raras espécies de árvores, uma única abricoteira, carregada de frutos, que encantava tanto, como se fosse a ‘rainha’ entre todas as árvores. Ao pé dela, uma grande placa onde se lê: “Atenção, não permaneça em baixo da árvore, um fruto poderá cair sobre a sua cabeça”. Com este chamativo, com certeza, conscientiza os pedestres. Eles que se cuidem, o que não pode, é mutilar as árvores.
Nas nossas praças e jardins não encontramos nenhuma instrução, nenhuma mensagem educativa. Avisos que de uma forma ou outra, ajudam a despertar as pessoas a valorizar e manter a cidade limpa e mais respeitada. E obviamente, até que o povo se acostume a obedecer ao pedido público, é necessário que guardas fiscalizem os pedestres.
E por falar em caminhada, quando me sinto vazia, sem nenhuma inspiração para escrever, nada melhor do que andar, mesmo que seja dentro de casa. É interessante o que ocorre. A imaginação vai surgindo, uma sensação de alegria vai tomando conta da minha mente. Dizia o meu Neurolinguista: “É a liberação da serotonina” (substância que ajuda a controlar o humor, entre várias funções). Da mesma forma, avaliamos o que acontece quando usamos a esteira na Academia. Se estamos em silêncio, soltamos o pensamento, e a mente começa a trabalhar. Respondemos nossas próprias perguntas e criamos alguma coisa. Podemos levar um bloco de anotações, e o que registramos ali, sairá uma matéria. A imaginação fica mais fértil, desenvolvo temas, acerto detalhes, crio títulos. Disse o mestre Waldir de L. Carneiro: “as idéias não caem em minha cabeça, eu vou busca-las lá em cima...”
(*) “Abricó-de-macaco, árvore de
Abricoteira – “árvore frondosa de até
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