sábado, 2 de abril de 2011

A Beleza das Abrçicós

A BELEZA  DAS  ABRICÓS

Ilma Manso Vieira

 

             As  abricos-de-macaco (*)  renasceram  das cinzas, como a Fênix. 

             Ao amanhecer o dia primeiro de maio, acordei com o piar dos pardais que rondam à minha janela, pedindo alpiste,  e dos barulhentos periquitos que se aninham no beiral do telhado. A manhã ainda fria e sem compromisso algum, parti para uma caminhada, observar o silêncio da cidade que ainda dormia – era feriado. 

              Percorri algumas ruas mais centrais e como de costume, fui andar pelas praças, sentir a natureza e o perfume da manhã.  O sol subia pelo azul do  infinito, e a brisa tocava à minha pele. Poucas pessoas passavam por mim, talvez, como eu,  apenas caminhavam com os seus pensamentos.

             Lembrei-me das ‘abricós-de-macaco’, aquelas majestosas e raras árvores que encantam a praça Dr.Emilio da Silveira. O fantasma rondou a minha imaginação – com a lembrança das abricós quando os seus frutos foram decepados. Veio a pergunta: Será que as árvores estão floridas, ou  novamente  foram mutiladas, como no passado?   Fui conferir; o coração acelerado pelo medo. Chamei a coragem e o equilíbrio, e segui rumo à praça.  Crianças chegavam para brincar. O centro da praça, que chamamos de Praça de Ágora, dava inicio às atividades em comemoração ao Dia do Trabalho. Meu coração  gelou pelo medo do que poderia ter acontecido com os frutos.  Fui me aproximando e percebendo que elas estavam belas, fortes, carregadas de flores e os seus enormes frutos encantando a natureza e os nossos olhos.  Exclamei: “Graças a Deus,  a beleza da natureza está sendo protegida”. Somente uma entre as seis árvores,  só agora, depois de três anos  da agressão, começa  timidamente a florescer.

               Estive passeando na cidade de Piracicaba-SP, e caminhando  no Parque da Universidade de Agronomia. Um bosque encantador, bem caracterizado pelo respeito à natureza. Qual foi a minha alegria ao encontrar, entre imensas e raras espécies de árvores, uma única  abricoteira, carregada de frutos, que encantava tanto, como se fosse a ‘rainha’ entre todas as árvores.  Ao pé dela, uma grande placa onde se lê:  “Atenção, não permaneça em baixo da árvore, um fruto poderá cair sobre a sua cabeça”. Com este chamativo,  com certeza, conscientiza  os  pedestres. Eles que se cuidem, o que não pode, é mutilar as árvores. 

               Nas nossas praças e jardins não encontramos  nenhuma  instrução, nenhuma mensagem educativa. Avisos que de uma forma ou outra,  ajudam a despertar as pessoas a valorizar e manter  a cidade limpa e mais respeitada.  E obviamente, até que o povo se acostume a obedecer ao pedido público, é necessário que guardas  fiscalizem  os pedestres.

              E por falar em caminhada, quando me sinto vazia, sem nenhuma inspiração para escrever, nada melhor do que andar, mesmo que seja dentro de casa. É interessante  o que ocorre.  A imaginação vai surgindo, uma sensação de alegria vai tomando conta da minha mente. Dizia o meu Neurolinguista:  “É a liberação da serotonina” (substância  que ajuda a controlar o humor, entre  várias funções).  Da mesma forma, avaliamos  o que acontece  quando usamos a esteira na Academia. Se estamos em silêncio, soltamos o pensamento, e a mente começa a trabalhar. Respondemos nossas próprias perguntas  e criamos alguma coisa.  Podemos levar um bloco de anotações, e o que registramos ali, sairá uma matéria. A imaginação fica mais fértil, desenvolvo  temas, acerto detalhes, crio títulos. Disse o mestre Waldir de L. Carneiro:  “as idéias não caem em minha cabeça,  eu vou busca-las lá em cima...”  

      (*) “Abricó-de-macaco, árvore de 8 a 15 m, nativa da Amazônia. Flores com pétalas róseas e amarelas na face externa. Frutos globulares que nascem diretamente sobre o tronco e ramos”. Os frutos não são comestíveis.

Abricoteira – “árvore frondosa de até 18 metros, nativa da América Central e cultivada no Brasil. De folhas verde-escuras, flores brancas, aromáticas, solitárias ou em pares, e frutos grandes e carnosos, quase esféricos, com casca marrom e muito dura. Fornece madeira resistente, e é cultivada pelos frutos que são comestíveis e, das flores, são preparados deliciosos licores.  Há várias espécies:  abricó-de-são-domingos; abricó-do-pará; abricó-do-brasil; abricó selvagem”.

                                                                                                                X

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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